Wednesday, February 22, 2006

Ah, Leão!

Finalmente...
Conferência sobre Energia Nuclear em Lisboa
Patrick Monteiro de Barros diz que foi dado "pontapé de saída do nuclear em Portugal e que os ambientalistas são uns maricas"

(e continua, e continua, e continua)

O Público

Conferência em Lisboa
Patrick Monteiro de Barros diz que foi dado "pontapé de saída do nuclear em Portugal"
22.02.2006 - 22h32 Lusa

O empresário Patrick Monteiro de Barros considerou hoje que a Conferência sobre a Energia Nuclear, que se realizou em Lisboa, foi o "pontapé de saída do nuclear em Portugal", embora o tema tenha reunido mais opositores do que apoiantes.

"Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida porque há 22 meses lancei uma ideia enquanto empresário, mas nunca pensei chegar ao dia de hoje e ver com esta reunião ser dado o pontapé de saída do nuclear em Portugal", afirmou o empresário na conferência organizada pela Ordem dos Engenheiros com o apoio das associações empresariais.

O empresário apresentou em Junho do ano passado um projecto de construção de uma central nuclear em Portugal com um investimento de 3,5 mil milhões de euros.

O projecto prevê uma potência instalada de 1600 megawatt (MW) e levaria sete anos depois da sua aprovação a entrar em funcionamento.

A iniciativa relançou o debate da introdução da energia nuclear em Portugal com as opiniões a dividirem-se relativamente à sua necessidade para responder à evolução do consumo da electricidade.

O antigo ministro da Indústria Luís Mira Amaral afirmou hoje durante a conferência ser a favor enquanto engenheiro, ter dúvidas sobre a sua rentabilidade enquanto economista e defendeu uma consulta aos portugueses se fosse político.

Eduardo Oliveira Fernandes, antigo secretário de Estado da Economia, foi mais contundente, tendo criticado a realização de uma conferência para debater o nuclear quando está em causa a "venda" de um projecto.

"Não me parece que o formato deste encontro tenha sido o mais adequado e tão pouco me parece que as motivações das associações empresariais e da indústria mostrem que têm os melhores consultores em energia e em desenvolvimento económico do país", disse Eduardo Oliveira Fernandes.

Oliveira Fernandes defendeu que o debate sobre o nuclear há-de ser necessário no futuro, mas terá sempre de ser integrado na orientação da política energética definida pelo Governo.

O Executivo já afirmou publicamente que o tema não será tratado na presente legislatura, mas a Comissão Europeia tem defendido cada vez mais essa opção para a Europa.

Oliveira Fernandes defendeu também que a questão do nuclear não faz sentido na medida em que esta central assegurará apenas 3,75 por cento do consumo de electricidade em Portugal.

Eduardo Oliveira Fernandes criticou ainda o Governo por ir passar os custos das energias renováveis para os consumidores, quando são os edifícios (da indústria e dos serviços) os responsáveis por 60 por cento do consumo de electricidade.

O professor catedrático João Peças Lopes mostrou-se igualmente contra a opção nuclear. Não é "interessante em Portugal num futuro próximo, atendendo ao volume de energia que iremos alimentar e às características do sistema eléctrico português".

José Delgado Domingos, professor do Instituto Superior Técnico, foi também muito crítico em relação à opção nuclear, defendendo antes a aposta nas renováveis, nomeadamente eólica, e no aumento da eficiência energética. "O nuclear pode agravar a eficiência energética e a eólica tem potencial para satisfazer a evolução do consumo", defendeu.

Pedro Sampaio Nunes, antigo secretário de Estado da Ciência e Inovação e que colabora com Patrick Monteiro de Barros neste projecto, defendeu a energia nuclear enquanto geradora de riqueza para o país, um factor do aumento da competitividade da indústria portuguesa e capaz de produzir electricidade sem poluir.

Sampaio Nunes defendeu ainda a segurança oferecida pelo nuclear, afirmando que o carvão oferece "maior perigosidade" e em termos de acidentes "a hídrica é a forma mais letal" de gerar electricidade.



Associações ambientalistas portuguesas ausentes de conferência
Ordem dos Engenheiros considera que energia nuclear "não pode ser um tabu"
22.02.2006 - 11h01


O bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), Fernando Santo, defende que a energia nuclear "não pode ser um tabu" e deve ser discutida de "forma séria" em Portugal. Em resposta, a associação ambientalista Quercus sublinha que a energia nuclear serve apenas para produzir electricidade e afirma que a sua produção é dispendiosa.

A Ordem dos Engenheiros promove esta noite, em Lisboa, uma conferência que irá colocar em debate apenas adeptos do projecto nuclear (entre os quais o empresário Patrick Monteiro de Barros, que está disposto a investir na construção de uma numa central nuclear em Portugal), ignorado os que se opõem ao projecto, em particular as associações ambientalistas portuguesas. Não é esperada a presença de nenhum representante do Governo, depois de José Sócrates ter afirmado que a discussão sobre a energia nuclear está fora da agenda política para a actual legislatura.

A associação ambientalista Quercus critica a opção pela energia nuclear e questiona "a isenção técnica da Ordem dos Engenheiros", por ter convidado para o debate um grupo ambientalista francês pró-nuclear em detrimento de "qualquer voz dissonante nacional".

O bastonário da Ordem contrapôs e afirmou que "não toma posições contra nem a favor".

"Promovemos este encontro porque entendemos que Portugal não pode ficar para trás nestas questões e convidámos 200 pessoas do meio académico para estar presentes, sendo o debate moderado por jornalistas", afirmou Fernando Santo à Lusa.

O bastonário lembrou que a dependência externa de Portugal em termos energéticos é a maior da União Europeia (cerca de 80 por cento), sendo ultrapassada apenas por Chipre, Malta e Irlanda, e que a discussão em torno do nuclear está a ser retomada em toda a Europa.

"Actualmente, cerca de 30 por cento da energia eléctrica produzida na Europa é produzida por via nuclear. Em França, essa percentagem sobe para 50 por cento", sublinhou.

O responsável da OE declarou que este tema "tem de ser debatido de forma séria e não com ideias pré-concebidas".

"O que se pretende é debater as opções técnicas. As decisões políticas vêm depois", argumentou.

Fernando Santo lembrou que a sua ordem promoveu, no ano passado, vários seminários relacionados com questões energéticas, incluindo a promoção da eficiência energética dos edifícios.

"Temos promovido também a discussão em torno da energia hídrica, uma fonte renovável e que tem estado parada nos últimos anos, muitas vezes devido a queixas dos ambientalistas", disse.

Os ambientalistas apontam vários argumentos contra esta solução em Portugal, chamando a atenção para as oportunidades na área da conservação de energia, eficiência energética e fontes renováveis.

A Quercus sublinha que a energia nuclear serve apenas para produzir electricidade - que representa cerca de 20 por cento do consumo de energia final em Portugal - e afirma que a sua produção é dispendiosa.

Além disso, existem problemas associados à longevidade dos resíduos nucleares - que se estima em dezenas a milhares de anos -, relacionados com o transporte e armazenamento, e custos de desmantelamento das centrais.



Conferência em Lisboa
Pressão do nuclear regressa 30 anos depois
22.02.2006 - 08h00 Lurdes Ferreira, Ana FernandesPÚBLICO


Catorze especialistas portugueses e estrangeiros em energia, maioritariamente favoráveis ao nuclear, reúnem-se hoje em Lisboa para uma conferência em que o assunto será debatido. Nenhum membro do Governo estará presente no encontro, mas é a entidade sob maior pressão neste momento, com vários sinais de movimentações de bastidores e de uma alegada disponibilidade para discutir o assunto. O tom de rejeição com que reagiu há oito meses à primeira abordagem dos defensores do nuclear é agora menos perceptível.

Alguns sectores governamentais falam em "hipótese" do nuclear, ideia que já está a causar alguma ansiedade no Ministério do Ambiente. Oficialmente, este declara que "o assunto não está em cima da mesa".

Manuel Pinho, ministro da Economia, ontem questionado pelo PÚBLICO, escusou-se a referir à questão -"Sobre esse assunto não falo" -, mas negou que uma central nuclear pudesse ser autorizada ao empresário Patrick Monteiro de Barros como contrapartida para a construção da refinaria de Sines, segundo informações que têm circulado nesse sentido. "A refinaria tem de ser julgada pelos seus méritos próprios", disse.

Quanto a Monteiro de Barros, inicia hoje o seu segundo round de pressão. A ideia do debate partiu deste empresário e de Pedro de Sampaio Nunes, responsável pela Enupor- Energia Nuclear de Portugal, que viram rejeitada há oito meses a proposta de construção de uma central nuclear, mas anunciaram logo então que não desistiriam de retomar o debate, afastado desde a marcha de Ferrel há 30 anos.

"Eu não vou desistir", reafirmava ontem, em declarações ao PÚBLICO, Monteiro de Barros, segundo o qual o Governo terá "um momento em que dirá sim ou não". O empresário considera que a resposta de há oito meses "primeiro foi um sim e depois um nim", mas qualquer que seja a decisão final, "o Governo é soberano". Garante ainda que "não tem tido contactos com o Governo sobre esta matéria", tendo enviado dois documentos escritos aos quais não obteve resposta.

Proposta de central

No final de Junho de 2005, Monteiro de Barros e Sampaio Nunes propuseram a construção de um reactor nuclear no país, com um investimento de 3,5 mil milhões de euros, para 1600 megawatts de potência, mas sem identificar os potenciais investidores. Localização possível então admitida foi a albufeira do Alqueva.

O projecto, a dez anos, foi recebido com contestação pelas organizações ambientalistas, alertando estas para o problema do destino dos resíduos e do desmantelamento, que a proposta também não especificava.

Quanto ao Governo, começou por reagir com reservas pouco antes do anúncio deste projecto, pela voz do secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, sobretudo no que se referia ao local e aos resíduos da hipotética central. O ministro da Economia, Manuel Pinho, mudou o tom governamental ao afirmar que o nuclear era um "tema muito actual devido à alta do preço do petróleo" e que "devia ser olhado com a máxima atenção", mas ao fim do mesmo dia corrigiu o tiro, anunciando que o Executivo inviabilizaria qualquer projecto nuclear em Portugal até ao final da legislatura.

Chumbado o projecto nuclear, quatro meses mais tarde, Monteiro de Barros apresentou ao Governo o projecto de construção de uma nova refinaria em Sines, que emitirá, por sua vez, 2,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. O Ministério da Economia considerou que se tratava de um projecto de investimento prioritário e é esse tratamento de que beneficia em termos administrativos. O estudo de impacte ambiental foi, entretanto, entregue na semana passada no Ministério do Ambiente.

Os principais argumentos esgrimidos pelos defensores da opção nuclear são actualmente de ordem económica. Defendem ser a resposta oportuna ao aumento do preço do petróleo, ao desafio da competitividade, ao cumprimento dos compromissos de Quioto e invocam ainda como exemplo o interesse da Comissão Europeia na discussão nuclear.

A esta lista de benefícios económicos, os opositores do nuclear contrapõem, por exemplo, os custos ocultos de investimento, como os de manutenção, conservação e desmantelamento dos reactores que afectam as tarifas reais da electricidade produzida.

José Veiga Simão, o antigo ministro da Educação de Marcelo Caetano e que foi um dos históricos impulsionadores da Junta de Energia Nuclear, recusa para já falar sobre a oportunidade desta opção. Mas diz ter uma preocupação: "Um país que não domine a protecção e a segurança nuclear não pode ter estes empreendimentos."

3 comments:

  1. Even if God is dead, you're going to kiss his ass.

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  2. Socorro. Temos um filósofo na secção de comentários do glob - scramble, scramble - red alert - tinoni...

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  3. Cunnilingus and psychiatry brought us to this.

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