Thursday, March 2, 2006
Cavaco Selva - o primeiro beijo
Um urro primevo e cavernoso ecoou nas profundezas da Selva. Maria tremelicou, pousou o cântaro frustre de barro cozido, e sentiu humedecerem-se-lhe erogenias genitais que de tão pudentes ela não acreditava existirem.
Quis corresponder ao chamamento mas, ó santíssima, da seca garganta nem um pio avícola se escapou.
Não passara um instante e já se ouvia um hercúleo restolhar na densa folhagem que a envolvia, à Maria.
Um rasgo de luz na paisagem silvícola e um ligeiro ondular do coqueiro denunciaram a Sua presença. Do alto do pau, o Rei, exumando uma alva névoa de símia testosterona, mirava-a , a ela, deslumbrado.
Deixou-se, ele, escorregar até ao solo iridescente e Maria, num frémito estrepitoso, compôs o cós da saia estampada com caimento em godet, semicerrou as pálpebras, entreabriu as beiças e aguardou o seu há tanto desejado primeiro beijo.
Um odor morno e acre como enxofre feriu-lhe as narinas, mas não recuou. Já não podia. Já não queria. Nem ele.
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e então, o cóboi pai voltou pra terra dele e disse: If he can´t make it there, I'll make it anywhere
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